terça-feira, 8 de agosto de 2017

ROSINHA, A BREJEIRA

                                                                                                                                                                   

                                                           ROSINHA, A BREJEIRA
                                          ( Releitura da minha Poesia” Menina de Roça”)

                                                                                 


                        Gostaria de dizer a vocês da graça e boniteza de Rosinha a menina que chamou minha atenção durante as minhas férias de verão, passada no campo.            Vou tentar fazê-lo do jeitinho que ela me prendeu e inspirou com aquele jeito brejeiro de menina de roça.
                        E ela era uma menina de roça, uma daquelas moças donzelas de arraial e costumava amarar os cabelos com laços de fita para ficar bonita e toda catita se enfeitar.
                        No peito pequeno e mimoso, fremente, por sobre o vestido de chita, uma flor colocava suspirando toda de anseio, com muito chiste e momice e na pracinha de amarrar égua, n’um domingo, dia de festa, deitava os olhos como a buscar, sonhos ou algum caboclo que a fazia suspirar toda de anseio e que fazia seus olhos tremelicar enquanto repuxava o cabelo, na boca mantinha um sorriso de quem sem jeito está.
                        E toda engomada, bonita e catita a moça donzela o que queria era o seu amor provocar, tudo fazendo como quem nada queria e sem jeito estivesse.
                        Enquanto a observava, eu aproveitava para beber água na bica, água fresquinha de dar gosto! Deitava os olhos pelo roçado e sentia o cheiro de mato, coisas simples, coisas boas como o povo daquelas bandas.
                        Como era bom escutar o gorjeio das aves de manhãzinha e no cair do sol. Saltitar com os grilos e voltear com as borboletas que pousavam de flor em flor!
                        Enquanto isso fazia, observava e pensava em Rosinha que namorava de “relanceio”, suspirava toda de anseio, pelo seu bem encontrar e com ele “trupicá”  como quem nada quer e em seus braços se enroscar como gata manhosa que não sabe de onde veio aquela pedra tinhosa que bem no meio do caminho, seu pezinho descalço cutucou!
                        A moça donzela, fazendo-se de desprevenida, assustada e ferida, foi cair em braços fortes daquele mesmo caboclo para o qual toda se enfeitou!
                        Rosinha bonita de dar gosto e era matreira a dita mocinha brejeira, sabida em sua ingenuidade de menina de roça, uma graça na verdade!
                        Rosinha a doce caipirinha, nem soube que me prendeu e perdeu de amores e encantos, pois tão ocupada estava na conquista do referido caboclo e nos sonhos e suspiros que ele lhe arrancava, que não teve tempo e nem olhos para notar a conquista que fizera naquelas férias de verão.
                        Que terá sido feito dela? Terá se casado com aquele mesmo caboclo? Terá uma penca de filhos? Estará ainda brejeira e bonita ou com a lida séria da vida, terá perdido o viço, aqueles frescor e brejeirice, castigada pela realidade e crueza da roça.
                        Assim ficou na história como uma interrogação e como um encanto perdido, uma doce lembrança das férias de verão e será uma bonita estória a ser contada num futuro distante para as crianças que quem sabe, um dia terei?

                                                                                                            Mariza C.C. Cezar
                                                                                  

 
                                                                                                             

                         

Um comentário:

Flávio Tallarico disse...

Na minha juventude na pequena e pacata cidade de Descalvado, interior de São Paulo, as "Rosinhas" de sua bela crônica já desfilavam na rua, duas ou três de braços dados, como uma vitrine de lindas bonecas enfeitadas. Os rapazes se acotovelavam nas calçadas apreciando e roubando olhares daquelas que, no futuro, poderiam se transformar em suas esposas. Você retratou isso de outro ângulo em delicado texto.